NA PISCINA
O dia ainda amanhecia Eu nadava Braçadas cadenciadas A água azul me levava Para castelos submersos Também azuis Ninguém à vista O que me agradava Fujo dos barulhos Como falamos alto, Crianças, adultos e velhos Nadei muito, Ia e voltava Voltava e ia Lembrava de Ferreira Gullar Por que se foi, poeta? Podia ter ficado mais um pouco Depois de algum tempo Onde tristezas e saudades Se diluíram na cadência do exercício Saí, sereia, quase Esther Williams Para um pouco de sol Olhei em volta Que paz, Não sabemos dar valor ao silêncio Oxalá um dia chegue Em que nossa educação Se mostre no tom de nossas vozes Deixei-me ficar O sol acariciava minha pele E eu pressentia a chuva que viria Foi chegar em casa E do céu caíram lágrimas pesadas Época natalina Os mortos sentem saudade E choram por nós.