RUÇO
O nevoeiro entrava pela casa Os ocupantes moviam-se em câmera lenta Do lado de fora nada se via As montanhas ao longe todas cobertas O cenário era de terror O cão entrou por uma porta lateral Fantasminha em quatro patas Latiu nervoso A criança chorou Ambos com medo Ela abraçou o cão O cão assumiu proteção Encostado na porta da cozinha O velho cachimbava O olhar cheio de saudades E de memórias gastas De um passado já esfumaçado Não quero morrer num dia assim, O garoto pensou E num gesto rápido foi para o quarto Meteu-se entre os lençóis E pediu Me acorde quando o sol voltar a brilhar.