Postagens

Mostrando postagens de maio, 2011

SERVIÇO PÚBLICO

trabalho? não há o que fazer? invento agito as mãos faço cara de concentrada fecho os ouvidos nos corredores nas salas nos banheiros ruído, barulho, peidos, arrotos telefones tocando risadas obscenas conversas inúteis intermináveis visitas de amigos parentes camelôs a casa-da-mãe-joana creche verdadeira feira popular hienas vestidas travestidas de gente mostram os dentes tudo em ondas, nervosas, gulosas engolindo o náufrago, inerte, semi-entorpecido barnabé embriagado sentado à mesa de trabalho finjidor órfão do serviço público retrato em preto & branco o tal sem padrinho que morrerá pagão esquecido na seção

NOITE DE NATAL

Menção honrosa no concurso nacional de poesia de 2006, realizado pela secretaria de cultura da prefeitura de Colatina, cuja antologia recebi há poucos dias. Fiquei anos sem saber que o meu poema havia sido premiado, e soube há dois anos por alguém que me deu os parabéns pela internet, até hoje não sei quem foi. A mesa posta para a ceia ela aguarda seus convidados Entram devagar os mortos daquela familia e tomam seus lugares Ela ergue a taça brinda ao encontro Sabendo que um dia nem memória, nem saudade restarão sobre os escombros

DONA ANGÉLICA

A diversão de dona Angélica é ficar na varanda de seu apartamento olhando o movimento da rua. Estranhou quando viu a papelaria do Fernando fechar mais cedo do que o de costume. A papelaria fica em frente à sua janela. Fernando, o dono, todas às vezes que chega, costuma lhe dar um adeusinho. Ela retribui a gentileza com mimos culinários. Todas as tardes, a empregada atravessa a rua com uma bandeja com café e bolo. E assim, solidificaram uma amizade à distância. Naquele dia algo acontecera. O relógio mostrava as 16 horas e a papelaria já estava fechada. Pegou o telefone e telefonou para lá. Ninguém respondeu. Ficou aflita. No dia seguinte, a manicure chegou pontualmente às 9 horas. Entrou e foi logo dizendo. - A senhora soube que a papelaria foi assaltada ontem? Um homem armado mobilizou o Fernando e a Cristina e roubou tudo. Até o pobre do Daniel (o faxineiro do prédio ao lado) foi feito refém. O bandido mandou o Fernando arriar um pouco a porta, depois amarrou os três, fez a festa