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Mostrando postagens de julho, 2011

O BANQUETE

Um mês antes de completar trinta anos, Fernanda andava agitada. Iniciaria uma nova década e tinha metas a cumprir: encontrar o parceiro para toda a vida, ter filhos e ser um sucesso na carreira profissional, o que é dito e sublinhado por várias celebridades sempre que têm algo novo a dizer. Deu de ombros e se concentrou nos preparativos. A lista de convidados era pequena. Pensou em reunir para o almoço, suas amigas mulheres, dez criaturas muito especiais que se conheciam desde os tempos de colégio, amizade antiga, dessas que não se vê mais por aí. Depois à noite, a celebração continuaria na Lapa, numa rodade de samba e cerveja. Quis fazer tudo sozinha. Deu-se ao luxo, apenas, de contratar um garçom para servir as bebidas e o almoço quando se sentassem à mesa. Ligou para o serviço de bufê e pediu o mulato mais bonito e competente da agência. No dia do aniversário, Fernanda acordou radiante. Antes do café-da-manhã, deu uma corrida de uma hora, chegou faminta, comeu e pôs às mãos à obra.

RASTROS DE SANGUE

inverno manhã de verão uma suave aragem convidava ao lazer cabelos ao vento e muita disposição eu caminhava leve como o dia azul num olhar distraído olho pro chão vejo pegadas de sangue começo de frio o vento mais forte tremo de medo passos e pegadas se confundem sem fim curvei-me ao peso da angústia e fui pensando cinza queria achar o cão ferido numa esquina o encontrei e o dia virou noite