Postagens

Mostrando postagens de julho, 2012

O VESTIDO AZUL

            Vi o vestido na vitrine de uma loja popular. Destacava-se dos demais, talvez pela cor, talvez pelo decote bonito. Vi a moça dentro dele. Olhava-se no espelho, ajeitava-o ao corpo e virava-se em vários ângulos para ver-lhe o caimento. Com dedos ágeis procurou uma flor que estava esperando por ela em cima da penteadeira. Colocou-a nos cabelos. Gostou do efeito e sorriu tímida. Mirava-se com satisfação. Estava mesmo muito bonita. Calçou as sandálias de saltos altos e borrifou umas gotas de perfume nos cabelos e no colo de rainha. Sabia-se sedutora e seus olhinhos brilhantes antecipavam momentos agradáveis. Pegou a bolsa, desligou a luz e fechou a porta atrás de si. E eu continuei olhando o vestido azul na vitrine de uma loja popular.

O AVÔ E SEU NETO

Os dois se aproximaram dos livros expostos na bancada central da livraria. Entraram um pouco receosos com a sofisticação do lugar, eles que eram pessoas tão simples. Executivos falando ao celular, moças bonitas, perfumadas e elegantes folheando revistas enquanto sorviam cafés incrementados, sentadas nas mesas ao fundo, crianças bem vestidas  acompanhadas de seus pais escolhendo coloridos livros infantis e atendentes com caras entediadas andando de um lado para o outro, mostrando a eficiência do não fazer nada. Mesmo assim, os dois outsiders venceram a timidez e se aproximaram da estante de livros juvenis. O avô escolheu um ao acaso e se postaram em frente a uma mesa de quatro lugares ocupada por uma jovem ouvindo música no Ipod enquanto teclava furiosamente o seu laptop. Ao redor da mesa e das cadeiras, mochila, celular e alguns cadernos. Sem saber o que fazer para chamar a atenção da moça, optaram por aguardar para ver se ela se dava conta que eles desejavam se sentar. Ela perc