DE VOLTA À VIDA
Os sapatos ficam alinhados perto da porta. São os que usa no dia-a-dia: par de tênis, um tanto surrados, um par de sandálias com a sola bem gasta e um par de botas de borracha para os dias de chuva, quando as pedras que circundam a casa se tornam pequenas poças de água. Na mesinha de canto, perto do sofá em L, descansa Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez que morrera naquele dia. Relê o livro que a impressionou na sua juventude, e que continua surpreendendo-a. A televisão noticia sua morte o tempo todo, com inúmeras reportagens e depoimentos. Naquele momento, parte dela morre também. Como no seu livro: Crônica de uma Morte Anunciada, a morte dele também já se anunciara, há algum tempo. O dia amanhece nublado, o fog bonito de se ver, cobre os picos da montanha. Ela acorda cedo, e debruçada na varanda se deslumbra com o cenário majestoso. Mas, urge que ponha ordem na casa. Um casal de amigos