ERA UMA VEZ UM REI.
O convite para trabalhar num museu tão importante pela sua história e tradição veio a calhar. Estava desempregada, contas atrasadas a pagar, emagrecendo a olhos vistos para alimentar o meu filho, enfim, no caos instalado na minha vida, o júbilo por terem se lembrado de mim compensou a dor constante do estomago vazio. O prédio imponente ocupava quase um quarteirão. Estava mal cuidado, como quase tudo no país, mas ninguém se importava muito. Para falar a verdade, o museu era frequentado por muito poucos, e a maioria da população, pobre e semi-analfabeta não estava nem aí para a cultura e as artes. O país entrava no obscurantismo intelectual e artístico. Fui recepcionada pelo diretor, logo no grande hall de entrada, com cacos espalhados pelo chão. Não ousei perguntar o motivo,chega de desgraças. Levou-me à sala onde seria o meu espaço de trabalho. Sala pequena, simples, mesa, computador, impressora, cadeira e uma estante contendo livros de Antropologia, e Biblioteconomia. Havia uma j