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Mostrando postagens de outubro, 2020

JOÃO BOLINHA

    Era o meu único boneco, feito de bolas de plástico coloridas. Uma graça. Ocupava lugar de destaque na prateleira, rés ao chão, onde ficavam as outras bonecas, uma ao lado da outra. Ao chegar da escola, a primeira coisa que eu fazia, era despir-me de meu uniforme, vestir uma roupa confortável e me dispor a ensinar aos meus bonecos a lição aprendida na escola. Para isso organizava duas filas, uma para as bonecas, e outra para João Bolinha, sempre à direita. À frente um quadro negro, quadrado em cima de um tripé. Acompanhava giz coloridos e apagador. E a lição começava. Eu, que sempre fui loquaz e desinibida, repetia o que a professora havia ensinado, com interrupções, onde repreendia uma falta de atenção pontual dos bonecos, ou apenas para me certificar se a lição estava sendo compreendida. Essa prática se prolongou por alguns dias, meses, e durou o ano letivo inteiro, praticamente. Com a chegada do novo ano, novos ares, a casa se preparou para a chegada de um novo inqui

E NUM É QUE ESCAPARAM?

    Estão os meninos em carrinhos de rolimã do alto da mais alta ladeira de Belo Horizonte. Querem descer a ladeira íngreme de um fôlego só. Precisam dessa adrenalina para impressionarem a si mesmos como às meninas, na torcida lá embaixo. O que os espera em baixo, ninguém sabe, mas mesmo assim eles arriscam. Um, dois e três e se mandam. O abismo negro e profundo se mostrou para aquelas almas destemidas. Apavorados com a súbita aparição pensaram: vamos morrer, mas por obra do destino a boiada passou e os salvou do mergulho no inferno. Ainda há esperanças.