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Mostrando postagens de 2021

SONHO OU PESADELO?

    A dor na coluna me atormentava há dias, aliás há meses. Procurei de tudo, fisioterapia, acupuntura, que me proporcionavam alívio momentâneo, porque logo, logo a dor voltava a me atormentar. Meu corpo é velho e cansado com todas as degenerações próprias da idade. Hoje, exausta, me deitei após o café da manhã. Entrei em sono pesado e fui acordada por alguém que puxava a minha perna direita, justo aquela onde tenho a maior contratura ciática, e fazia uma mensagem espetacular. Aliviava todas as minhas dores. Quis agradecer. Primeiro, perguntei-lhe o nome.   Vera. Mas não era a minha comadre, que se chama Vera, muito menos a antiga proprietária de um imóvel que aluguei anos atrás. Fiquei confusa, quem seria essa Vera, que me ajudava tanto naquele momento. Quis agradecê-la, mas meu corpo não movia, e os olhos permaneciam fechados, por mais que eu tentasse abri-los. Foi um verdadeiro sufoco. Achei que estivesse cega, porque havia o comando cerebral para abrir os olhos e eles não o

A PERNA DE LAURINDA

    O dia estava esplendoroso. Na piscina do clube, cinco amigas, montadas nos seus “macarrões”, trocavam receitas, falavam dos netos, dos filhos e da plástica daquela vizinha nojenta e arrogante, que estava mais jovem do que a filha de 35. Laurinda ouvia todas as conversas, ria mais do que falava, porque a contratura ciática no seu lado direito estava tirando-a do sério. Num movimento pensado e quase que corriqueiro, pegou o seu tornozelo direito e com a mão do mesmo lado puxou a perna para cima. Exagerou na força e para seu espanto e desespero a perna saiu de seu corpo e flutuou na frente do grupo e de quem estava na piscina. Cena surreal com Laurinda aos berros, “quero a minha perna de volta”, outra dizendo, “de onde saiu essa perna”, um auê inusitado para um dia tão esplendoroso. Foi quando Laurinda acordou e logo pôs a mão para se certificar que sua perna direita estava no lugar. Estava, assim como a maldita contratura ciática pronta para atazanar.  

AH, SE NÃO FOSSE O VENTO, NADA DISSO ACONTECIA

    Vânia e Rodrigo se conheceram pelas beiradas, literalmente. Ele a via sempre na parada do ônibus, tão jovem, com a filha bebê nos braços. Intrigava-se: caramba, ela não deve ter passado dos quinze, como é que pode ser mãe? Nunca a viu acompanhada, até que num sábado, na pelada do bairro, um casal novo apareceu, era Vânia, com a filha e o companheiro Márcio. Chegaram timidamente, como não querendo ser vistos, embora ele estivesse louco para jogar, e para isso tinha que ser visto, de alguma maneira. Rodrigo era o capitão do time, apertaram-se as mãos e o jogo começou. Rodrigo pouco olhou para Vânia, concentrado no jogo. Márcio agradou ao time, jogou bem e ao final apresentou a mulher aos seus novos companheiros. Foi então, que Rodrigo a olhou bem, como era linda e como era jovem, uma menina. Soube que tinha 14 anos, namorava Márcio desde os 12 e ele apenas dois anos mais velho do que ela. Agora, quando a via no ponto de ônibus, oferecia carona no seu carro caindo aos pedaço

BORBOLETA

    Borboletas voam em torno de minhas flores Todas tão lindas, de várias cores Batem as asas e voam, voam e voam Quero também borboletar Abro os braços e tento voar Consigo, voo muito, pelo meu jardim inteiro Sobrevoo   os meus cães espreguiçados no deck Deixando-se banhar pelo sol Vejo lagartixas também espairecendo Largadas lambuçadas de calor e de sol Como é lindo o meu pequeno mundo daqui de cima Os braços me doem, cansada de voar Fecho os olhos e adormeço