BIRA, UM MENINO BRASILEIRO
Bira tem 10 anos, filho de pai analfabeto, e mãe semianalfabeta. Com as escolas fechadas durante o ápice do Coronavirus, o pouco que havia aprendido na escola, e mal, foi para o ralo. Voltou à escola esse ano, o ano da graça (eu diria, miséria) de 2022, e o retrocesso pelo qual ele passou, a educação pública e o próprio país, estão registrados nessa figura em formação, um menino sem, sem. Sem preparo, sem futuro, sem nada. Duvido que a escola pública, a qual frequenta, possa fazer alguma coisa por ele. E muito menos seus pais, que não têm a mínima noção da importância do estudo. Seu empoderamento está no uso do celular. Passa horas, deitado ou sentado, com o aparelho na mão.
Olho para Bira e imagino quantos mais nessa
situação. Não se precisa ser vidente, para visualizar um futuro zero. Sem
profissão, sem meios dignos para sobreviver, comer e viver. Vai ficar sempre na
periferia.
Seus pais não têm a mínima noção do país em que
vivem. São trabalhadores, honram seus empregos, são honestos, mas não sabem
nada do que acontece ao seu redor. Televisão é para ver desenho e mais nada. São
eleitores do PT, pois na primeira gestão de Lula melhoraram de vida: comiam
melhor, as compras no mercado não estavam tão caras, e ainda compraram um
carrinho, usado e em bom estado, embora a habitação fosse um barraco mais
ajeitadinho. E habilitação para dirigir, nem pensar. Se forem parados em blitz,
perdem carro e motos, pois onde vivem, se não tiverem motocicleta não saem de
casa. O transporte público é sofrível. Brasiiiilllll, ninguém fica bem na foto.
Bira retornou à escola, mas sua mãe se gaba é
do fato do filhote ter uma namoradinha bonita, da mesma idade que a dele. A
professora insiste em aulas de reforço, e a mãe ouve por um ouvido e apaga a
mensagem pelo outro.
Bira devora tudo que vê pela frente. Nunca vi
tanta voracidade e não sei como não vomita em seguida. É um menino pequeno, baixo
para a idade, enfim, mais um entre
milhões iguais a ele.
E como você diz, quantos meninos e meninas brasileiros estão nessa situação. É triste!
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