A diversão de dona Angélica é ficar na varanda de seu apartamento olhando o movimento da rua. Estranhou quando viu a papelaria do Fernando fechar mais cedo do que o de costume. A papelaria fica em frente à sua janela. Fernando, o dono, todas às vezes que chega, costuma lhe dar um adeusinho. Ela retribui a gentileza com mimos culinários. Todas as tardes, a empregada atravessa a rua com uma bandeja com café e bolo. E assim, solidificaram uma amizade à distância. Naquele dia algo acontecera. O relógio mostrava as 16 horas e a papelaria já estava fechada. Pegou o telefone e telefonou para lá. Ninguém respondeu. Ficou aflita. No dia seguinte, a manicure chegou pontualmente às 9 horas. Entrou e foi logo dizendo. - A senhora soube que a papelaria foi assaltada ontem? Um homem armado mobilizou o Fernando e a Cristina e roubou tudo. Até o pobre do Daniel (o faxineiro do prédio ao lado) foi feito refém. O bandido mandou o Fernando arriar um pouco a porta, depois amarrou os três, fez a festa
Dona Moça bateu pé e alardeou: Daqui não saio até ela me receber. E plantou-se na portaria do prédio. A moradora foi avisada. Um dia foram amigas, quase chegando a um compadrio. Mas, o tempo se encarregou de desgastar esse forte companheirismo, que um dia existiu. Em conluio com o porteiro, a moradora só saía de casa nas idas ao banheiro de Dona Moça. E assim passaram-se alguns dias. O porteiro, com pena e solidário, ajudava como podia. Primeiro veio com um cafezinho fumegante, e dois pãezinhos, no outro dia com um prato de comida, numa noite com salgadinhos e cerveja, e por fim lhe ofereceu a cama. Estão juntos até hoje.
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