DOMINGO DE SOL

Estavam os dois tomando coco e olhando o horizonte na sua frente. A manhã estava radiosa e a vista das montanhas com o mar brilhando pelos raios do sol faziam aquela manhã parecer mais bela.

Ela olhou para o lado, mas precisamente para a mão esquerda dele. Não viu o que esperava ver, um anel que denotasse compromisso. Disfarçadamente olhou em volta dele, o livro em cima do jornal, ao chão, causou-lhe boa impressão. Continuou olhando o horizonte e sorvendo o coco gelado, delicioso. Alguns segundos em fingida meditação, falou.

- Que vista mais linda, né?

- É verdade.

Imediatamente, entabularam um papo sobre natureza, a delicia do coco gelado, e ela curiosa perguntou o que lia. Era um livro de uma monja e foi o gancho que precisavam para entrar nos assuntos esotéricos, de agrado dos dois.

Trocaram telefones e ficaram de se encontrar.

O namoro surgiu devagar, e quando se deram conta estavam apaixonados.

Surgiu uma pequena tensão quando ele quis que ela conhecesse a sua família. Queria apresentar os filhos e os netos, e a sugestão era que se fizesse um grande almoço.

- Onde ? ela quis saber.

- Na sua casa.

- Na minha casa? Ela se ofendeu. Não, vou ficar estressada, vou ter trabalho e vou confessar, não tenho a mínima paciência com barulho de crianças. Minha casa não comporta crianças por mais de cinco minutos.

- Que bobagem, querida, crianças hoje sabem lidar com computador, vêem televisão e o seu prédio tem um play excelente.

- No meu computador ninguém bota a mão, a televisão é no quarto, e não vou querer criança deitada na minha cama.

- Que ressentimento descabido é esse? O que você tem contra família, filhos e netos?

- Tudo. Família é um mal necessário, e eu já cumpri a minha parte. Se você quiser ficar comigo, venha sem o seu pacote.

Ele ficou magoado, ficou uns dias sem aparecer e depois de algumas semanas retornou. O pacote ficou esquecido num prédio da Rua Rainha Elizabete.

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