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Mostrando postagens de 2019

ESTAVA ESCRITO NAS ESTRELAS

Último dia de uma peça que bombava nos palcos cariocas. O casal de atores era imbatível no humor. Dois grandes humoristas que também arrasavam no drama. As filas para a compra de ingresso eram grandes, e não havia internet naquele tempo. Xi, muito tempo atrás, ou nem tanto assim se levarmos em conta a rapidez com que os dias passam. O amigo tinha dois ingressos. Era um fim de tarde de domingo. Ele aceitou e lá foram para o teatro. Os assentos eram bem perto do palco, o que ele gostava.  Pancadas de Molière. Começa o espetáculo. O público ao ver adentrar no proscênio seus atores queridos, rompe em aplausos, e logo logo as gargalhadas ecoam. A peça tinha um humor escrachado, o que os atores sabiam muito bem fazer. Num determinado momento, digamos até de climax, numa discussão hilária de ciúmes entre eles, a atriz, de supetão, tira a roupa.  Um silêncio sepulcral caiu sob a plateia, numa cena dirigida para provocar o riso. Aquele silêncio inesperado era por conta da nudez espetacul

ERA UMA VEZ UM REI.

O convite para trabalhar num museu tão importante pela sua história e tradição veio a calhar. Estava desempregada, contas atrasadas a pagar, emagrecendo a olhos vistos para alimentar o meu filho, enfim, no caos instalado na minha vida, o júbilo por terem se lembrado de mim compensou a dor constante do estomago vazio. O prédio imponente ocupava quase um quarteirão. Estava mal cuidado, como quase tudo no país, mas ninguém se importava muito. Para falar a verdade, o museu era frequentado por muito poucos, e a maioria da população, pobre e semi-analfabeta não estava nem aí para a cultura e as artes. O país entrava no obscurantismo intelectual e artístico. Fui recepcionada pelo diretor, logo no grande hall de entrada, com cacos espalhados pelo chão. Não ousei perguntar o motivo,chega de desgraças. Levou-me à sala onde seria o meu espaço de trabalho. Sala pequena, simples, mesa, computador, impressora, cadeira e uma estante contendo livros de Antropologia, e Biblioteconomia. Havia uma j

O ABRAÇO NO CHICO BUARQUE

Para Chico Buarque de Hollanda. A sala era ampla. Poderia ser um galpão ou estúdio. Em cima de uma mesa pequena, retangular, um livro sobre Antonio Carlos Jobim. Um marcador sinalizava que o leitor estava no fim do livro, que por sinal era grosso. Peguei-o e ao começar a folheá-lo ouvi uma voz ao longe, dizendo, "esse livro tem dono". Não foi falado em tom agressivo, diria que até tinha humor. E a voz, pra lá de familiar. Uma voz que ouço há 50 anos, em diferentes nuances. Virei-me e lá estava ele, Chico Buarque, sorrindo, os dentes da frente separados, e jovem, tão jovem quanto eu. Não entendi nada, só sei que corri e me joguei nos seus braços. Recebeu-me em concha de afeto e reconhecimento. Por alguns segundos não acreditei no que estava acontecendo, e deixei-me ficar. Depois, tal e qual uma metralhadora giratória fui falando da sua trajetória, tão entrelaçada com a minha, das alegrias que suas canções me davam, e só o fato de sabê-lo vivo, me deixava feliz. Como p

DIREITA VOLVER

1, 2, 3 Bradam em coro os meninos Calças curtas Porretes na mão. Na frente, o general da banda Frajola no seu fato de gala Orgulho pátrio Nação acima de tudo Vão marchando 1,2,3 Porretes na mão Vendas nos olhos Quem ousar desafiar Mate, esfole e come Nação acima de tudo. E lá vai o general da banda Frajola no seu fato de gala .

O REI E SEUS FILHOS

Era uma   VEZ , num reino muito grande e distante, localizado num continente, um tanto desprezado pelo seu atraso educacional, civilizatório e progressivo, onde a corrupção corre solta e os abismos sociais são devastadores, um capitão ascendeu ao trono máximo daquela nação, uma vez que o monarca recém-falecido não possuía herdeiros, e o capitão era seu auxiliar direto. Embora não fosse lá grande coisa na corte, onde suas ideias cheias de preconceito e seu jeito caipira só agradavam mesmo ao rei, o capitão, de uma hora para a outra se viu alçado a autoridade máxima do reino, sob a proteção das autoridades militares, que o preferiam a qualquer outro que mostrasse inteligência e desenvoltura política. Achavam os militares, que o capitão seria fácil de manipulação. Esqueceram dos herdeiros 01, 02, 03, de sangue quente, arrogantes e destemidos. Para bem da verdade, o capitão apregoava que acabaria com a corrupção, e que sua corte seria formada por técnicos e não por políticos ávidos em e

OS PITBULLS DO PRESIDENTE, UM RAP

São meninos, são garotos são os homens do presidente lambem e se empapuçam da magia do poder são bajulados, são ouvidos, estão na rede, estão aqui estão ali e acolá a origem é simples e ricos vão ficar político no brasil? não morre pobre não dão dor de cabeça falam o que sabem e o que não sabem e escondem as trapaças agora que são os filhos do homem quem é o besta que com eles vai se meter mandam e desmandam e papai dá o aval é o quarteto governando o brasil