MARIAS

Foi no vestiário da academia de ginástica que Maria Lúcia soltou o petardo:

- Maria Cristina, como você está magra? Que que aconteceu?

- Eu? ?? Estou com o mesmo corpo!!!

Maria Lúcia indiferente ao estrago que produziu na mente de Maria Cristina, entrou no chuveiro e fechou a porta.

Nisso entrou Maria Eduarda que foi logo interpelada por Maria Cristina.

- Maria Eduarda, você acha que estou mais magra?

- Não, você está como sempre esteve: corpaço e dona de pernas adjetivas. Aliás, quem me dera ter suas pernas. Você não acha, Maria Fernanda - que estava fazendo escova nos cabelos, e até então muda - que Maria Cristina está igual: nem mais nem menos magra?

- Acho, e hoje em dia o politicamente correto é não falar coisa alguma sobre a aparência das pessoas.

- Ah, mas assim é demais, retrucou Maria Cristina. Se é para levantar o astral, acho que tem que falar.

- Então, vai ver que foi isso que Maria Lúcia fez. Comentou que você estava mais magra pra te agradar. Quem é que gosta de ouvir que está gorda?

- Ah, mas o tom não foi bem o de agrado. Sou macaca velha, conheço todos os tons e semitons do elogio feminino, falou Maria Cristina. Ela quis é me derrubar.

Ninguém retrucou e a conversa evoluiu para outras coisas. Depois de uns dedos de prosa, Maria Eduarda e Maria Fernanda saíram juntas para um café na lanchonete do prédio.

- E num é que Maria Cristina está mesmo mais magra, diz Maria Eduarda.

- E não ficou nada bem, envelheceu. Você viu como o rosto dela está encovado?  acrescentou Maria Fernanda.

- Vi, menina, mas não sou eu quem vai dizer isso para ela.

- Nem eu, respondeu a outra.

E seguiram felizes para o café, com a certeza de que Maria Cristina não era mais páreo para elas. 

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