MOLEQUE
Moleque, rei de Botafogo, nobre em quatro patas com juba de leão amarelada com riscas pretas. Altivo e elegante liderava uma matilha de vira-latas simpáticos que rodavam por nosso quadrilátero urbano. Nunca o vi latir ou brigar com outro cachorro. Um líder de primeira que se impunha pela atitude. Comportava-se com discrição nos bares onde seu dono ia tomar o café da manhã ou a cervejinha da tarde. Sentava-se no chão, com as patas dianteiras cruzadas e observava o movimento da rua. Se o dono ficasse horas no bar, ele ficava também. Não tinha pressa, nem ele nem o dono.
Na minha fantasia, queria-o eterno. Mas vi seus olhos perderem o brilho e um dia pressenti a chegada de sua morte.
Viveu muito esse rei sem cetro, sua presença impregnada em cada pedra portuguesa por onde andava majestoso.
Comentários
Postar um comentário