NA FARMÁCIA
Espalhado pelo balcão da farmácia vários cosméticos de
primeira linha – caríssimos como quase tudo no seu país. Ela comparava preços e
nisso ele entrou.
A aparência não podia ser pior: cabelo ralo e
desgrenhado, sujo e ainda por cima desdentado. Ah, é demais, nem merece ser
olhado, ela pensou de imediato. Ele fez um comentário sobre a camada de ozônio. Tentando ser
educada, apenas meneou a cabeça, embora a única palavra que entendeu fosse ozônio.
Pra que se preocupar? O homem era um lixo. Nem se deu conta do preconceito que aflorava
logo ela que não discriminava nada.
Ela custou a se decidir, tantos eram os produtos. Ele
pediu um medicamento que a atendente foi buscar. Vendo a indecisão da mulher, que
continuava olhando os cosméticos, disse que ele nunca usara nada na pele. A
resposta foi tão rápida e tão inesperada que houve um silêncio mortal durante
alguns segundos. Saiu da boca dela: Nota-se.
O homem pegou o medicamento e saiu da mesma hora da
farmácia. Ela se deu conta do que falou, mas também não deu importância, afinal
o que é que ela tinha a ver com a camada de ozônio.
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