DIÁLOGO IMPROVÁVEL ENTRE UM HOMEM E UM SAPO
O entardecer caía sobre o vale. Um frio delicioso entrava, como a pedir licença, pelo suéter fino do homem e o fazia estremecer levemente. Ele saiu de sua pequena casa para respirar o ar puro trazido pelo vento vindo da montanha. À sua volta seus cães corriam, prá lá e pra cá, felizes por estar na companhia de seu dono. O homem percorria o jardim, que circundava o muro da casa. Gostava daquele pedaço florido, cenário único de diversos matizes: tirava as folhas secas das árvores, colhia o mato e examinava a terra atentamente à procura de formigas, os predadores de suas hortênsias e rosas. Quando viu o sapo, escondido entre as folhagens, olhou-o com olhos de conhecedor e o interpelou. - Como pode ser tão feio e repugnante? - Olha que você não fica atrás. - Não lhe meto medo? - Confesso que um pouco. Sua altura e largura são imensas, e sempre acho que vou ser esmagado por seus pés. Mas tenho vontade